Recentemente conversei com algumas pessoas sobre o assunto e resolvi fazer um post.
Nas últimas décadas, constantes evoluções tecnológicas ocorreram. Tais mudanças afetaram diretamente a rotina das pessoas. Hoje, vivemos no século em que as pessoas baixam músicas da internet gratuitamente (e ilegalmente?) e as transferem para aparelhos e acessórios eletrônicos, os quais armazenam centenas ou milhares de arquivos (música hoje é tratada como arquivo).
Mas nem sempre foi tão fácil. Na década de 1980, por exemplo, as pessoas usavam aparelhos de som integrados e gravavam suas músicas prediletas em fitas cassete que comportavam, no máximo, noventa minutos de áudio. Assim, era possível "transportar" músicas no toca-fitas do carro ou em um
Walkman. Isso era o limite para a portabilidade de mídia musical.
Porém, em aparelhos estrambólicos ou acessórios discretos, há vinte anos ou nos dias de hoje, uma opção para ouvir músicas continua igual: o rádio. Ele é a alternativa mais simples, barata e democrática para se ouvir notícias, jogos de futebol e, principalmente, músicas.
Obviamente as estações de rádios também passaram por uma revolução tecnológica: DJ's perderam emprego para computadores, discos de vinil e cartuchos foram substituídos por arquivos de áudio digitais e o
dial ganhou a "concorrência" da
web. Ainda assim, elas continuam ao alcance de todos.
Mas com tamanha facilidade em se adquirir, converter e transportar (incontáveis) arquivos de música nos dias de hoje eu pergunto:
você ouve rádio?
Para saber a opinião dos caríssimos seguidores e leitores do Blog resolvi publicar uma enquete, a qual encontra-se na barra lateral (P.S: resultado da enquete nos comentários).
BATE-PAPO COM MESTRE LUIZINHO
Pra finalizar o
post segue o bate-papo
que tive com Luizinho Farias que comanda o programa
Rock and Roll All Night transmitido pela Rádio Mundo Livre (93,9FM) às sextas-feiras. Confiram:
Como você entrou no mundo musical?
Sou do tempo das festinhas de garagem, na faixa dos 11 aos 14 anos. Eu e
dois amigos montávamos nossas caixas e todo fim de semana tinha uma
para tocar.
Profissionalmente, qual foi o seu primeiro contato com uma emissora de rádio?
Quando a extinta Metrô FM, hoje 98 FM, entrou no ar. Fui conhecer os
estúdios a convite de um amigo e quando cheguei lá a rádio estava fora
do ar. Fui convidado pelo Palitto, Sr Lourival Pedrazzani, então diretor
da Rádio, para trabalhar das 12 às 18.
Qual o perfil do ouvinte do Rock and Roll All Night?
Segundo nosso departamento de marketing, a maioria é de pessoas com
menos de 40, quase meio a meio (F/M), classe B e C. O retorno de emails e
postagens confirma isso.
O programa rola nas noites de sexta. Você já chegou a pensar em outro dia da semana para fazê-lo?
Esse programa foi uma ideia do nosso Diretor Artístico, Helinho
Pimentel, e a princípio era nas quartas. Acho que na sexta é o dia
ideal, já que a programação é sempre atendendo pedidos e mais “dançante”
que “radiofônica”. Serve prá um esquenta, como disse o Gilson, um
ouvinte assíduo.
Você acredita que, de médio a longo prazo, as rádios migrarão definitivamente para a web ou o dial é eterno?
Acho impossível. O Brasil é um país continental e, apesar dos esforços,
ainda carente de tecnologia para as pessoas de baixa renda. O rádio
ainda é um companheiro inseparável.
Os roqueiros com mais
de trinta anos foram influenciados por bandas que curtiram na
adolescencia e outras de época distintas. Você acredita que os
adolescentes de hoje vão se influenciar pelo Rock tanto quanto as
gerações anteriores?
Eu acho que não. Hoje a
informação é muito rápida, mas é incrível como o Rock atinge os
adolescentes. No show do Iron Maiden aqui em Curitiba, a grande maioria
era de adolescentes que nasceram depois que a banda foi formada. Assim é
com outros que têm contato através dos pais, discos, programas de
rádio. O Rock já foi moda, depois vieram os estilos variados, e hoje o
clássico continua intocável. Se você for no show do Nazareth na Sociedade
Abranches vai sentir o que é isso. A grande maioria cantando músicas de
30, 40 anos atrás.
Curitiba deixou de receber
recentemente alguns shows e, em alguns casos, teve eventos musicais
cancelados. Você acha que o motivo está na promoção desses eventos, na
falta de locais adequados ou no desinteresse do público?
Ás vezes leio que o público curitibano paga 400 pilas por um show
internacional e não paga 20 para uma apresentação local. Os promotores
querem dinheiro fácil, portanto a gente só recebe o que vai dar lucro.
Falta promoção em alguns eventos. No RRAN tenho a liberdade de divulgar
shows e eventos, mesmo eu fazendo e divulgando isso, nunca recebi
nenhuma comunicação que não fosse anunciada na radio.
Na sua opinião, da década de noventa pra cá foram lançados sons tão bons quanto aqueles de outros tempos?
Depende do que é “bom”. A qualidade sonora evoluiu muito, mas, como disse
Peter Frampton, “a maioria se rendeu ao lucro fácil de sucessos
instantâneos”. Tanto que não existem boas bandas “adultas” nascidas
nessa década. Trixter, Crazy Lyxx, American Dog são alguns exemplos de
como fazer rock em tempos universitários.
Você foi
operador de som da SPARKS (lendária equipe de som). Você acredita o Rock
ainda pode rolar em clubes/casas noturnas exatamente como antigamente
ou isso estaria mais para um "baile da saudade"?
Uma vez, depois de uma entrevista e uma seleção de “disco” (sim, eu sou
dessa época) em um programa, recebi convite para tocar um set em três
casas em dias diferentes. O pai (na faixa dos 45) de um dos produtores
do programa disse para ele: “se tocasse essas músicas, eu e meus amigos
iríamos tranquilamente”. Infelizmente não rolou, mas é a prova de que
existe “inteligência depois dos 40”. Falta iniciativa, veja o exemplo da
Sociedade Abranches.
Nas rádios européias costumeiramente ocorrem transmissões de shows de Rock ao vivo. No Brasil, dá pra contar nos dedos as vezes em que isso aconteceu. Trata-se de uma questão cultural?
Não. É questão financeira mesmo. Sem patrocínio não rola nada.
Para finalizar, você poderia recomendar cinco discos de acordo com o seu gosto musical?
É
difícil recomendar só cinco. Pela ordem de importância na minha vida
seriam:
Machine Head do Purple, Highway to Hell do ACDC (prefiro o Bon), British Steel do Judas (há controvérias), One Vice at a Time do Krokus e pra sintetizar o "ao vivo" de 2007 do Led, Celebration Day.
Muito obrigado por atender o Blog, Luisinho.
Agradeço pelo papo, um abraço e parabéns pelo Blog, sempre atual.