Uma nova opção para a produção de discos de vinil em território nacional pode estar a caminho. É a prensa da antiga gravadora Continental que poderá ser restruturada para produzir até quatro vezes mais discos de vinil do que a
Polysom (única fábrica de LPs na América do Sul no momento). Confiram abaixo (ou no
link) na
ótima matéria da Folha de São Paulo.
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Michel Nath na sua fábrica de vinil, que ele pretende colocar em operação nos próximos meses |
NOVA FÁBRICA PROMETE QUADRUPLICAR PRODUÇÃO DE DISCOS DE VINIL NO PAÍS
BRUNO VILLAS BÔAS
DO RIO
19/01/2016
Num galpão em Barra Funda, zona oeste de São Paulo, a prensa da extinta gravadora Continental recebe os retoques finais antes de voltar à ativa, 20 anos após abastecer uma geração com discos de Beto Barbosa e da dupla Leandro e Leonardo.
Se tudo der certo, um botão vai acionar a prensa de duas toneladas nos próximos meses e marcar o início da segunda (e maior) fábrica de discos de vinil da América Latina, com capacidade para até 140 mil bolachas por mês (entre LPs e compactos).
Chamada Vinil Brasil, a fábrica promete quadruplicar a capacidade de produção dos discos no país - atualmente em cerca de 40 mil unidades mensais na Polysom, única fabricante em operação, em Belford Roxo, região metropolitana do Rio.
Em tempos bicudos de crise econômica e decadência na indústria fonográfica, o vinil é um nicho que nada de braçada. As vendas subiram 30% em 2015 no mundo, segundo a consultoria Nielsen. O ritmo seria parecido no mercado brasileiro.
Na Polysom, o tempo de espera por um disco é atualmente de dois meses, segundo a empresa. Foram 149 títulos fabricados no ano passado por lá. E a expectativa é que as vendas cresçam mais 30% neste ano, apesar da crise econômica.
Para ficar em dois exemplos da demanda do setor, Tom Zé quer prensar três discos "Nave Maria" (1984), "Tropicália Lixo Lógico" (2012) e "Vira Lata na Via Láctea"(2013). Já a Banda Black Rio deve lançar a regravação de"Maria Fumaça" (1977).
Toda (SIC) esse interesse em tempos digitais ficou mais evidente no fim da última década. O vinil passou a ser cultuado por jovens por sua experiência visual e auditiva, da arte das capas ao prazer de escolher o disco na estante e colocá-lo na vitrola.
ORIGEM
A ideia da fábrica não surgiu, porém, de uma experiência sensorial. O produtor e DJ Michel Nath encomendou seu próprio álbum "Solar Soul" numa fábrica na República Tcheca. A entrega do disco atrasou oito meses.
"O vinil ainda tem espaço para crescer aqui no Brasil. A fábrica estará a serviço da cena cultural. Quero primar pela qualidade, por um preço mais justo", disse Nath, dono e responsável pela montagem da fábrica ao longo dos últimos 15 meses.
A prensa da Continental foi resgatada de um ferro-velho, após o prédio da gravadora ter sido demolido. Parte dos equipamentos foi construída, como o molde dos discos. O valor investido não foi revelado pelo novo empresário.
Para a manutenção e a operação, foram localizados e contratados antigos técnicos do ramo. Um deles foi da RCA e passou os últimos 20 anos em indústrias "comuns".
"Ele disse que foi o melhor telefonema que recebeu nos últimos 20 anos", disse.
O trabalho será essencialmente artesanal, como é no mundo do vinil. Por isso, a ideia é no início atender músicos próximos. Pouco depois, abrir para artistas. No futuro, exportar.