O KISS é um dos maiores fenômenos da história do Rock and Roll. Com seu som original, visual agressivo e apresentações repletas de efeitos pirotécnicos, o grupo conquistou uma enorme legião de fãs por todo o planeta. Em abril de 1999, a formação original da banda fez duas apresentações no Brasil: Em Porto Alegre e São Paulo. Antes disso, a banda havia se apresentado no Brasil em duas oportunidades: Em 1983 (pouco antes de tirar as máscaras) e no ano de 1994 (no festival Monsters of Rock) em uma das melhores performances de sua carreira.
KISS: Ace Frehley, Paul Stanley, Gene Simmons e Peter Criss
No Brasil inteiro foram programadas excursões para os dois shows. Aqui em Curitiba, uma das viagens para o show de São Paulo foi organizada pela extinta HARD TEMPLE, loja que funcionava no Omar Shopping, no centro da cidade. As reservas foram feitas com várias semanas de antecedência. Lembro que o preço da excursão incluíndo ingresso foi de R$ 96,00. Foram três ônibus que saíram de Curitiba por volta da zero hora do dia do show, chegando à capital paulista ás oito da matina.
Obviamente a primeira parada foi a GALERIA DO ROCK, o shopping dos roqueiros. Lembro que ao chegar lá comprei de cara o pôster promocional do show. Também aproveitei pra conhecer outras lojas, dentre elas a ROCK INVASION. Lembro que comprei, dentre outras coisas, uma cópia em fita cassete das demos do disco Asylum por R$ 7,00. Depois de um tempo apreciando os itens a venda e ouvindo as histórias do pessoal, fomos pegar os ingressos na loja ANIMAL RECORDS, que apresentava uma enorme vitrine repleta de memorabílias da banda.
À tarde, fomos para o autódromo de Interlagos. Eram centenas e mais centenas de pessoas formando uma fila que ultrapassava quarteirões. Depois que os ônibus estacionaram, procuramos um lugar perto da entrada do autódromo para ver no que dava. Afinal, naquele momento, ninguém seria louco de ir para o fim da fila.
Fiquei num grupo de aproximadamente sete pessoas. Imaginei que aquelas pessoas no começo da fila estavam lá há muito tempo. Tive certeza disso quando um colega nosso abriu um pacote de bolacha para fazer um lanche: Os olhos dos caras na fila brilharam de fome. O dono do pacote percebeu e perguntou honestamente: “Vocês querem uma bolacha?”. Foi a deixa para garantirmos um lugar na fila.
Na abertura dos portões, correria e uma ansiedade incontrolável! Na entrega dos ingressos, recebemos os óculos 3D e preservativos (?). Eu poderia ter ficado na grade, mas preferi ficar mais atrás, pois o palco estava alto. Depois de um tempo, a banda alemã RAMMSTEIN abriu a noite. Apesar dos excelentes efeitos pirotécnicos e do som pesado misturando metal e eletrônico, alguns atos na performance dos alemães não agradaram, especialmente quando o vocalista desfilou usando um pinto de borracha (risos). Ninguém estava preparado para aquilo. A galera simplesmente ignorou e protestou pedindo “KISS! KISS! KISS!”
Depois da apresentação dos alemães, do som mecânico e com uma hora de atraso tudo escureceu e a frase mais esperada da noite foi ouvida: “ALRIGHT, SÃO PAULO... YOU WANTED THE BEST, YOU GOT THE BEST... THE HOTTEST BAND IN THE WORLD... KISS!!!”. Choque, explosão, alegria, emoção, uma mistura de sentimentos que jamais poderá ser descrita. Era a formação clássica do KISS tocando para 50 mil sortudos. Um momento único. O impacto foi tão grande que não me recordo da maioria dos momentos do show :)
A Psycho Circus World Tour foi a primeira da história a utilizar telões com efeitos em terceira dimensão. O telão avisava a hora de colocar e tirar os óculos 3D. Mesmo assim, muitas pessoas não tinham certeza da hora certa de utilizá-los. Alguns ficaram com os óculos o tempo todo (risos). No telão era possível ver os efeitos: Palhetas coloridas, pétalas de rosa, um coração, as mãos de ACE, as baquetas de PETER e a língua de GENE pareciam acertar os nossos olhos! Absolutamente fantástico! Se alguém reclamou dos efeitos é porque ficou de lado para o telão, ou não usou os óculos ou era cego mesmo!
PAUL e GENE foram os que mais se descontraíram durante a apresentação. PAUL tentou cantar Garota de Ipanema e falou sobre PELÉ e SERGIO MENDES. Na hora de Love Gun, ele deslizou fazendo pose pelo cabo aéreo (tiroleza) que o conduzia para um mini palco no meio da platéia. Delírio. GENE brincou com a platéia, citou SONIA BRAGA, cuspiu fogo em Firehouse e subiu numa plataforma acima do palco para cantar God Of Thunder. PETER foi mais discreto, cantou Beth, “levitou” com sua bateria e não deixou de fazer aquele Drum Solo manjado; ACE estava bêbado, fez um solo um tanto quanto lento, mas não errou uma nota e agradou a platéia.
Depois da apresentação é que começava a cair a ficha que aquela seria uma das maiores recordações de nossas vidas. Apenas fora do autódromo demos conta do frio absurdo (8º C) que fazia naquela madrugada em São Paulo. Na volta para Curitiba, o motorista voava baixo. As janelas estavam todas abertas devido ao cheiro de cigarro. O vento frio cortava a pele e só conseguimos dormir devido ao cansaço.
Chegamos ao centro de Curitiba no começo da manhã do domingo. Depois de me despedir do pessoal, embarquei no ônibus biarticulado e algumas pessoas ficaram me olhando. Depois entendi o porquê: Estava com cara de ressaca, com o cabelo todo espalhado e com uma fita amarrada na testa dizendo KISS EU VÍ!
KISS:
GENE SIMMONS - Baixo e Voz;
PAUL STANLEY - Guitarra e Voz;
ACE FREHLEY - Guitarra Solo e Voz;
PETER CRISS - Bateria e Voz.
MÚSICAS:
Shout It Out Loud
Deuce
Do You Love Me?
Firehouse
Shock Me
Let Me Go Rock 'N' Roll
Calling Dr. Love
Into The Void
Ace Frehley Solo
King Of The Night Time World
Gene Simmons Solo
God Of Thunder
Within
Peter Criss Solo
I Was Made For Loving You
Love Gun
100,000 Years
Beth
Detroit Rock City
Paul Stanley Solo
Black Diamond